04/02/2008

Bright eyes

Não vou responder, porque...porque....nada, não tenho de escrever o porquê das coisas, não tenho de escrever sobre o porquê... Os meus olhos, aqueles olhos de que eu falei, verdes esmeralda, tão verdes de tão vermelhos que estão, esses que descrevi em tempos, são os olhos que se fexam para eu poder viajar... voar, vou-me deixar voar sobre casas e casinhas, rios e riosinhos, mares, oceanos, hortas de cenouras, sobre as vacas, sobre o verde e verdinho, vejo aqui e ali pontinhos a deslocarem-se, deslocam-se devagarinho, e sei que são "pessoinhas" que se diminuiram a si mesmas por tua causa, só por tua causa! Os carrinhos pequeninos encolheram-se, as mansões passaram a ser casas, as casas ficaram casinhas, os rios quiseram despejar água aqui e ali, emprestaram-me alguma e também se quiseram diminuir...Tudo por tua causa!
Não tenho pressa, tenho muita calma... Quatro minutos e meio mais qualquer coisita, dão tempo para muita coisa... Deram-me tempo para isto e aquilo, para aquilo e para isto, deram-me tempo até para ver, observar, percorrer, só estou um pouco triste, porque não me deram tempo para pensar. Quero pensar.
Mesmo assim continuo a voar, devagarinho, como os pontinhos, e os meus olhos, aqueles olhos verdes passaram de um verde para um verdinho, e eu, continuo a ver os pontinhos, que são os carros que se encolheram devagarinho, muito devagarinho...Estou a olhar para baixo agora...
A garrafa com chichi, não a tiraste. Não estava com pressa, mas não podia ficar a voar este tempo todo, esperavas o quê? Que ficasse sentada, parada, lá naquele cubículo verde e azul? Beija-me...Isso beija-me mais um bocado... Mais um bocadinho, beija-me devagar... Devagarinho, assim, isso! Assim a abraçares-me com tanta força sou capaz de explodir em cenouras e vaquinhas. O olho...Isso...A face, os cabelos...Olha ficaste com um caracol de ouro na boca! Deixa-me tirar-to.
Agora podes falar meu amor, que eu não adormeço, estou a ouvir-te com tanta atenção. Olha o teu tecto é o céu, e as paredes já as derrubámos...Com tanta força... Quando queres és de uma brutalidade, e agora afastas-me o cabelo para trás da orelha com tanta suavidade... Os teus olhos derramam-se sempre como o mel a escorrer pelo pote... O pote? Fica peganhento, doce, brilhante ao sol, não existe diferença!
Eu rendo-me, já não consigo resistir, enquanto falas e me contas quantos pontos iguais se deslocam devagarinho por aí... Tantos pontos, que diminuiram, e se encolheram por ti, sem tu saberes. Não resisto quando me falas das casas, só penso no tamanho que elas tinham antes de ti.
Uma camisola preta no chão, outra camisola com um dragão desenhado no chão, umas calças de pijama azuis clarinhas no chão. Uma camisola fina de algodão branca, mais branca que tu, no chão, umas calças que apertam nos tornozelos, esverdeadas, no chão, não ficamos nus... Não queres ficar nu, eu também não.
Não me faças sentir ainda mais pequenina agora... É assim que tu fazes sentir as pessoas que agora são pontinhos pequeninos.
É assim, e não de outra maneira que eu precorro quilómetros ou milhas até ti, não existe agora outra forma de o fazer.
you don't...vou saltando...have to...de degrau...answer....em degrau...Esses o das escadas do prédiosinho onde vives agora. A voar novamente, vou-me deixar voar novamente sobre casas e casinhas, rios e riosinhos, mares, oceanos, hortas de cenouras, sobre as vacas, sobre o verde e verdinho, vejo aqui e ali pontinhos a deslocarem-se, deslocam-se devagarinho, e sei que são "pessoinhas" que se diminuiram a si mesmas por tua causa, só por tua causa! Os carrinhos pequeninos encolheram-se, as mansões passaram a ser casas, as casas ficaram casinhas, os rios quiseram despejar água aqui e ali, emprestaram-me alguma e também se quiseram aumentar porque estou a regressar... A luz ténue, as colunas num volume médio, a secretária desarrumada, e as lágrimas secaram para sempre.
Até já.

1 comentário:

Balbino disse...

Não pude ler sem deixar de me emocionar. És mais bonita quando te esqueces quem és...