28/05/2008

Amo-te?

Vais construir uma casa, tão grande... Uma mansão. Boa sorte.

Perca


Sinto frio nos pés e calço umas meias apertadas, que nem dão para entalar bem o pijama. Lá fora o vento abana as árvores do Parque Central, e acompanhando o vento vão uns mil espirros meus, de uma profunda constipação acompanhando este tempo que não se adequa ao mês, nem à minha disposição, nem a nada que nos motive a cumprir os nossos deveres.
Aqueci uma sopa de agrião, olhei para a tigela, e observei o azeite que brilhava sobre as folhas verdes do vegetal. Uma colherada, outra, e mais outra, e então a tosse pareceu acalmar, mas aí vai... outro espirro! Não é nada por aí além uma constipação, é sim a sensação que a sopa de agrião me causou no peito... Saudades de uma velhinha sentada no sofá a olhar para a rapariga que lhe refundia a roupa para se parecer com ela, velha como ela...
Abro o livro... Lá vem o Carlos da Maia seduzir-me mais uma vez, lá me assaltam as vontades e os desejos que ele mesmo sente pela irmã.
Passam-se as quatro da tarde, mais as cinco, mais as seis e o dia ainda se mostra, vêm as sete, e as oito não do dia mas da noite com réstia de luz, e cá estou e o Carlos. Eu de cu dorido nesta cadeira que de confortável não tem nada, mas é nela que gosto de ler, e ainda o Carlos que discute com o Ega. Tosse! Mais tosse de todas as imundices que respirei! Mais uma sopa de agrião... Como adoro esta sopa de azeite brilhante na superfície!
Limpo a boca da tosse, da sopa, e de todas os gritos de revolta entalados com o agrião, que agora vão descendo até ao estômago.

25/05/2008

Então fazei como vos aprouver

O tempo caminha com botas de salto alto, e o salto vai-se partir.

Relativamente fácil é escrever acerca de estofos verdes deste comboio... Existe sempre algo a registar... Porquê andar sempre com um bloco destes no bolso? A resposta que encontro está no meu eterno medo de deixar que a vida que se entende como algo que me é dado por 15 minutos até eu atravessar ali a passadeira até casa, como até bisnetos, mas que de uma maneira ou de outra...Foda-se!!! Porra! Qual Anne Frank a complectar doze anos!

Amo-te...
Quando me deito e me proteges com os teus braços gigantes. Cuidas de mim, e eu cuido de ti. Queremos-nos com prazer e saudáveis no ninho. Beijas-me como ninguém beija ninguém, e dás-me a mão, mesmo que esteja um frio de rachar em vez de guardares a mão no bolso.
Quero morrer a fazer amor contigo!

"Teatro sem actores? Sem texto? Sem palco?" Objectivo ocidental

Levantava-me e beijava-te tão simples quanto isso...
Depois termina! Vais-te embora...

(...)Sei que vocês é que precisam de atenção e daí talvez se justifique o alarido, e a confusão: juntam-se como uma matilha.(...)

(...)Não falhaste por quereres ver o mundo de cima!(...)

Adorado Caio


Toma!
O que é isso?
É Arte.
Um dia quando eu sentir que o devo fazer
Vou tirar aquela tampa e rodar com aquilo na minha mão
Enquanto tomamos um banho de tons de roxos, verdes, azuis...

18/05/2008

Colar desfeito em pedaços

Abria-se a porta e estávamos logo na cozinha, uma pequena casa de banho com um duche espectacular, e um quartinho simpático...

Ela assustava-se às vezes com as aranhas, (ou talvez fosse outros bixo de patas enormes e fininhas) mas ele encarregava-se de com uma tesoura lhes cortar as patas. Estava ela a arrumar as suas bejigangas, para deixar tudo mais ou menos organizado (se bem que de organizada ela não tinha nada)ouvia feliz o seu companheiro a tocar como já era hábito na sua guitarra... ouviu o nome da mãe numa música simpática de ritmo frenético e alegre... De emoções à flor da pele, ela mexendo levemente nos seus caracóis de ouro (caracóis de ouro esses que serviram de título para a linda melodia) emocionada aproximou-se do rapaz que tocava com um sorriso enorme e perfeito a sua música toda inspirada no seu esquilo...(se bem que na altura ela ainda não tinha sido promovida a esquilo.)
Ela escondia-lhe fotos nas gavetas do seu quarto.
Foi também naquele chão azul escuro que ela chorou mas desta vez de...
Aquele quarto não tinha persianas..."trouxeste o sol..."
Acordaram na manhã seguinte os dois ao mesmo tempo.

14/05/2008

Sinal de vida

Olhos pesados. Cabelo fraco. Palpitações. O tal do vazio. Fome, choro, saudade e dôr. Inspiração. Apatia.

Capital


Perdeu a noção do que é o preto e o branco, do que é abrir uma embalagem e fechá-la, do que é correr e parar, até mesmo do que é alcançar ou deixar a pedra cair. Mas acima de tudo sabia perfeitamente que o bem e o mal se tinham fundido assim como a morte e a vida.

Olhou-se ao espelho e não compreendeu o porquê de dois olhos, um nariz e uma boca... Sebem, que uma vez lhe tinham contado que os homens tinham dois olhos e uma boca para observarem mais e falarem menos... Tal não foi o impacto disto que desde aí ele nunca mais se atrevera a falar para não estar calado. Continuou a olhar-se no espelho e continuava, aquela sensação... Sensação de obscuridade ténue, de um nojo atractivo...

Afinal quem somos nós? Porquê dois braços e duas pernas? Para percorrermos o mundo a realizar feitos memoráveis com as nossas próprias mãos ou para sermos atados pés e mãos até percorrer a linha que é chamada de normal?

Havia nele restos, amostras, traços de criança, embora o seu olhar fosse duro, embora impenetrável, vago, vazio... Um dia disseram-lhe que nem mesmo atingindo os noventa anos ele iria deixar de parecer por vezes um bebé a precisar de um bem essencial... (E ele que julgava impor respeito ao mundo com o seu aspecto duro, inflexível...) Tocava agora na sua cara arredondada, e então lembrou-se que nem mesmo o espelho lhe mostrava a sua imagem como os outros viam, nem a sua nem a de ninguém... Mas o que é que isso importava realmente? O seu fundo nada tinha a ver com a infantilidade... Era assim que queria ficar o resto da sua vida, a olhar-se, que mais poderia importar?



11/05/2008

Não sei escrever

Fase de auto-crítica constante. Não consigo escrever.

09/05/2008