06/12/2008

"Insónia de Fedra"


Retalho-me em cortes profundos.
Não há nomes que me revelem.
Já me deitei sendo muitas
e eis que acordo e sou apenas Ele.
Colecciono pedras que atiro contra o espelho.
O espelho de dedos em riste
e unhas sujas de corrupções e fluidos de amores torpes.
Estilhaço de vidro agudo fincado por debaixo da pele.
Já me escarneci com intervenções cirúrgicas
em metade à escuridão e ao sono que não é meu.
Retirado o espinho de vidro,
saberão todos eles como me acostumei a suicídios.
Abafo o grito que é de todos os cortes.
Peço silêncio à violência que Ele me traz.
Teseu das Guerras dorme
Entre os lençóis frios.

Alexandre Cabanel - Fedra (detalhe)- 1880

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