17/12/2007

o velho o neto e o burro


Era uma vez um velhote simpático e gordinho, mas já debilitado, e um rapazinho seu neto, pequenino ainda e muito magrinho. Moravam os dois numa casa simpática no cimo de uma montanha, e só tinham um burro como companhia.
Um dia o velhote decidiu pegar no neto e ir até a cidade. Sem carroça, o velho pôs o celim no burro, e partiram os dois a pé montanha abaixo. "Com um animal e vão a pé, eu cá não desperdiçaria o celim do burro!"- Exclamou a ti Alzira que morava ali perto. O velho pegou no neto sentou-lhe no burro, e puxando o animal continuaram assim o percurso até ao centro da cidade.
Ao descerem o monte, o velho não pode deixar de ouvir os comentários de alguns pastores - "olhem-me para aquilo! O pequeno com boas pernas sentado no burro, e o coitado do velho é que vai ali a puxar, onde é que isto já se viu!". "Se calhar é melhor ser eu a puxar o burro avô!" - disse o rapaz pensando no reumático do avô. O velho relutante lá montou no burro, e o rapazinho com algum esforço ainda andou uma boa distância a puxar o animal e o velho.
Passaram por algumas lojas e mercearias, já no centro da cidade, quando se ouve uma peixeira a dizer a alto e bom som - "Velhaco do velho, a explorar o coitado do rapaz, onde é que este mundo já chegou, valha-me Deus!" - O Velho com algum sentimento de culpa por ter o netinho a puxar o burro desceu do animal, e assim subiram os dois para cima do bicho. Não obstante ainda ouviram mais burburinhos das pessoas que passavam- "Coitado do burrinho, com o gordo e com a criança em cima!" - "O que fazemos agora Pedrinho?" - O neto encolheu os ombros, mas quando deu por si já o avô estava a tentar pôr o burro ás costas. Envergonhados andaram uns metros pela rua cheia de gente, a ouvirem as pessoas a comentarem, até um rapaz pouco mais velho que Pedro gritava: "Olhem-me o maluco do velho! Ahahaha!"
"Não demos ouvidos a esta gente!"- Exclamou o velho - "Vamos a pé para casa. Tal e qual como começamos a nossa caminhada."
Uma velha que dorme e descansa na sua cama os longos anos que viveu, contou-me várias vezes esta história. Vejam se percebem a sua moral... Eu percebo-a cada vez melhor!
P.S: Agradeço à D.São minha mãe, por me relembrar alguns pormenores da história que eu já tinha esquecido.

5 comentários:

Balbino disse...

"Os poderosos podem matar uma, duas ou até três rosas, mas jamais poderão deter a primavera" - Che Guevara
Há coisas que nos superam e que ninguém pode destruir, como o amor que esse avô sentia pelo neto.

Sofia disse...

Para mim há duas possíveis morais:

"Que era preferível montarem os dois o burro" lool.

"Ou que, faças o que fizeres, as pessoas sem vida própria, falta de caracter e invejosas, vão sempre criticar e fazer-te sentir mal pelo que te apetece fazer. Por isso, faz aquilo que achas correcto e de que gostas e não te arrependerás."

Anónimo disse...

Eu cá se fosse a eles ía a cavalo...


Agora a sério. Sofia, concordo com as tuas morais.

Anónimo disse...

Realmente as pessoas tem de enfiar sempre o nariz onde nao devem, criticando sempre tudo e todos, e nunca olhando a sua pessoa no espelho.... sim, isso sim e a ma natureza humana.... todos os humanos tem o belo dom de dizer-mal, ja o de olhar para si mesmo... bem... isso e uma historia completamente diferente....

"Faz acontecer, que eu faço valer a pena"

Beijo

Gaius disse...

Opah, matem o cabrão do burro!!