26/01/2008

Introdução




Estamos no século XVIII, na casinha modesta do Rei. Somos uma comunidade, todos amigos, e adoramos festas, e banquetes. As nossas indumentarias são de pasmar, e cada vez mais, porque cada costureiro vai aperfeiçoando a técnica de surpreender o Rei, e nós também o queremos surpreender.
Se eu descrever o que cada dama, cada duque, enfim, o que cada um de nós veste ou aprende para o Rei isto não seria uma introdução.
Vivemos à base do superficial, e eu confesso que não me sinto enquadrada no meu tempo. A minha mãe faz questão que continue a vestir autênticas “esculturas” em forma de balão, e diz que se continuar poderei ser convidada até a mudar de quarto, para um idêntico ao do filho do Rei.
Bem, eu não tenciono continuar a escrever acerca do que interessa apenas nesta vida real, como a beleza das flores na primavera, como o tecido maravilhoso e suave que chegou directamente de França, Não! Aliás decidi começar a escrever algo para desenvolver, (às escondidas, claro!) as minhas potencialidades enquanto escritora, e para relatar a vida num todo sem divisões do que é permitido ver-se e do que não é.
Existe só mais uma amiga minha que tal como eu se sai bastante bem nos protocolos da corte, chama-se Carlota, e damos-nos muito bem até, penso que em ela posso confiar, não de todo, estamos todos na corte do Rei, um passo em falso e…bem, nem quero pensar.
Depois temos aqueles elementos nesta comunidade real que conseguem manter-se nos seus quartos reais, frequentam os banquetes e os bailes, mas ao mesmo tempo vão fazendo o que não está certo de maneira a que o Rei nunca venha a saber.
Vivemos num palco basicamente, ou seja, a nossa vida é planeada em função do Rei, e de tudo o que o agrade, eu muitas vezes tenho medo de perder a minha verdadeira identidade, mas penso que isso acontecerá aqueles que continuarem a jogar. Existem várias categorias de jogadores, cada um possui uma táctica, e um grupo bem pequenino recusa-se a aprender a jogar para agradar o Rei, uns poucos sem jogar agradam na mesma, e outros sem jogar são passados despercebidos e assim se vão mantendo na casa do Rei.

1 comentário:

Balbino disse...

São todos umas marionetas. Eles, que dependem do Rei, e o Rei que pensa que eles gostam dele. Vivem em função uns dos outros.
Pessoalmente, eu acho o Rei um bacano. Um gajo que diz que me vai pagar as audições e que ainda vai pedir emprestado. Se for caso para isso, porque não ir lá a casa dele uma vez por semana?
É o que eu digo: a melhor forma de ganhar dinheiro é nas relações com as pessoas, tocar nas suas emoções, saber os seus medos.
Zen Negro. Tenho dito.