Alone

Dou voltas e voltas e não percebo, caminho entre multidões e o sentimento é sempre o mesmo, sorrio, converso, observo, solto uma gargalhada, mas tudo é o inverso do que se passa aqui dentro.
Sou uma filha única que ao longo dos tempos foi limando defeitos próprios de uma menina sem irmãos, mas o sentimento vem desde cedo a acompanhar-me para onde quer que eu vá, e insiste em fazer-se sentir com multidões á minha volta, com gargalhadas, conversas, troca de ideias, e lá está ele, pronto para me curruer por dentro, para me forçar os lábios, para não me deixar sorrir, obrigando-me a aparentar algo que não sou, nem nunca fui...
Tenho um espelho da cabeça aos pés, observ-me em todo meu comprimento, e novamente forço um sorriso, reparo que o sorriso se torna mesmo forçado, e volto a minha postura irreconhecível, não conheço essa postura, ela obriga-me a conhece-la refletindo-se nas outras pessoas, que opinam, e me obrigam a conhecer uma Raquel séria, parada, que canta sozinha no seu quarto.

Solidão